sábado, 23 de janeiro de 2010

Criptococose

A criptococose é uma micose sistêmica que leva principalmente a meningite e pneumonia em pacientes imunocomprometidos, sendo uma doença perigosa em pessoas portadoras do HIV. É causada pela inalação de esporos do fungo Cryptococcus neoforman. O criptococos é um microorganismo oportunista e se desenvolve muito bem em matéria vegetal e em decomposição, como cascas de árvores e troncos ocos, mas é no cocô de aves – onde dura até dois anos – que ele toma contato mais próximo do ser humano e animais domésticos.

Pessoas que lidam com criação de aves são as mais expostas à inalação desse fungo, mas ele também está presente em excretas de animais sinantrópicos como o pombo. Indivíduos com boa imunidade geralmente não padecem de problemas, embora possam ter granulomas (nódulos formados pelos fungos circundados pela resposta imune do hospedeiro) nos pulmões sem sintomas clínicos.

No entanto, na falta de imunidade celular adequada (pacientes com AIDS ou outras imunosupressões), o fungo se dissemina do aparelho respiratório, pelo sangue, para o sistema nervoso central e para outros tecidos, inclusive a pele. Animais imunosuprimidos também são mais acometidos, em especial, gatos com AIDS e leucemia virais felinas.

Não há relatos de transmissão direta entre cães e gatos doentes e pessoas. As lesões cutâneas que aparecem dos gatos não são infectantes! Não confundir com a esporotricose, outra micose causada por fungo de matéria vegetal orgânica, o Sporothrix chenqii. As lesões na pele de gatos com esporotricose são fontes de infecção para seresm humanos. Em 2007, essa doença foi notificada como sendo uma epidemia em alguns bairros do Rio de Janeiro.

Esporos desse organismo estão presentes em excretas de aves, sendo muito comum o isolamento, em ambiente urbano, nas fezes de pombos. No Brasil, há estudos que mostram prevalências de até 100% em amostras de solo coletadas em praças e torres de igreja, por exemplo. Os esporos resistem por longos períodos (até 2 anos!) no ambiente e são susceptíveis à radiação solar.

A criptococose leva a sintomas respiratórios, neurológicos e oftálmicos em humanos, cães e gatos, sendo uma doença grave em indivíduos com imunidade comprometida.
Gatos com criptococose geralmente manifestam sintomas respiratórios crônicos e lesões cutâneas, com aparecimento de massas subcutâneas e ulcerações, mais comuns na região do pescoço e cabeça, incluindo região nasal ("nariz de palhaço"). Cães têm meningoencefalites.

O tratamento envolve antifúngicos sistêmicos que, além de potencialmente tóxicos nas dosagens e períodos de tratamento preconizados, não atingem satisfatoriamente o sistema nervoso central.

Referências:

QUEIROZ JPAF et al. Criptococose - Uma revisão bibliográfica. Acta Veterinaria Brasilica 2(2):32-8, 2008.

CABANA et al., Relato de caso: criptococose em felino. XVII CIC. XI ENPOS.

Consenso em criptococose.

Controle de pombos.

Esporotricose.

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